quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Réquiem para Laerte Bereta,

Não fui ao velório do AMIGO Laerte: Muitos não foram; Não porque não tenhamos nos inteirado a tempo; ou, porque a distância nos impedisse.., talvez, o dia a dia, que adia .., mas ardia no peito, saber de sua repentina morte!



Apesar da agonia, uma “bendita” crise de enxaqueca, quê, logico, se acentuou, agregou mais motivos para não ter ido; ainda assim, deveria ter ido!

 Confesso, não tínhamos intimidades para tanto; raras vezes falávamos ou nos debruçávamos a confidenciar, quando muito, um oi, um aperto de mão .., um até breve..,


Conheci o Laerte nos bancos da praça Matriz, defronte ao bar do tio Lando, e, seu saudoso pai, Zé Bereta; Point obrigatório de encontro a repercutir os mitos e micos, onde, especialmente as quinta e sábados, tornara-se principal passa tempo dos críticos de plantão, com inusitada criatividade a comentar os assuntos da semana. 
 Ainda que plurais, pois invariavelmente ficávamos observando as gurias na saída do cinema, o assunto dominante, lógico, era o Glorioso União F,C. de tantas Glórias, História; Vitórias, e, com singularidade, Estórias: 

A reportar, a sonora goleada para o América de Rio Preto, recém promovida à Primeira Divisão do Campeonato Paulista, cujo placar, inusitado, ultrapassara uma dúzia e meia de gols: Ainda assim, se vivo fosse, com irônico tom de ironia, orgulhoso de si, não nos desmentiria, nosso saudoso Gol Kipper Eurides, convidado a trocar de lado, cujo placar no primeiro tempo de jogo, ultrapassara uma dúzia de gols. 
 Para nosso consolo, o buchicho nas arquibancadas era de que ele teria sido convidado a treinar no time, nada mais, nada menos, que o Campeão da Segunda Divisão de profissionais, embora nos bastidores a realidade de que o técnico do time visitante queria mesmo treinar seu goleiro titular, fosse tese irrefutável. 
Sorte dele: Placar final = 02X18. 

 Em alta, afinal, tínhamos desafiado o todo Poderoso Ameriquinha, restava desafiar nosso principal rival regional; o Ibirá F.C. 
 Jogo tratado; campo lotado, mas nada de Birá aparecer; foi aí que pra variar, fominha, coube ao nosso valoroso titular da ala esquerda, deslocar-se até Ibirá afim de apressar a possível vinda da temível esquadra vizinha: 
já passando das cinco horas, sem arredar o pé, esperançosos, todos aguardavam os “rivais” adentrar os portões principais.


Mais do que vencer ou perder, o que importava, era jogo ter: 
Resoluto, sem que ninguém o impedisse, lá foi nosso impetuoso zagueiro, retornando mais que ligeiro, para trazer a boa notícia ao público e companheiros.
-Não deu!, exclamou, prostrado, nosso incansável lateral esquerdo: “BIRÁ” não topou!

 Era só o que faltava: “BIRÁ” não topar!

Se para a imensa multidão que o aguardava, “birá” não topar, significava medo e respeito, para Laerte Bereta, ficar sem jogar, mais do que desfeita, significava perder a semana inteira; ainda mais um domingo de sol com o campo lotado, tão propício ao futebol! 
 Moral da História: Assunto pra mais de “deis” no banco da praça!


Mais que referenciais, Hugo e João Bereta, os precursores da saga, marcaram época, mas sem medo de errar, mais do que ninguém, Laerte Bereta, foi quem mais soube expressar  - AMOR, DEDICAÇÃO e RESPEITO pelas CORES do  Time, tantas vezes Campeão; nosso Glorioso, porém, Saudoso, UNIÃO F. C.

  (*) fora de campo, além de “domar” o AÇO, domou também a vida, honrando, amando e dignificando, família e filhos! 

Mas enfim, mais do que lampejos de um fino futebol, foi no fino trato com os amigos, que deixou seu maior legado.., 
    Vai com Deus Campeão!

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